Lembro de uns quadros, que sempre vejo na casa da minha avó. São retratos pintados há mais de 50 anos, que trazem à vida a mocidade dos meus avós, que tiveram que ficar parados por muito tempo para que tal retrato fosse pintado. Revirando as coisas, encontro as fotografias dos meus tios, da minha mãe, quando crianças, fotos desgastadas e em preto e branco, já muito corroídas pelo tempo, são pequenas, quadradas, com algumas simples bordas. Na maioria, fotos posadas, pessoas arrumadas, afinal, era um momento importante, raro, onde toda a família se reunia para tal, até então, evento. Fotos tiradas por câmeras primatas, com revelações demoradas.
Encontro outras fotos, já coloridas, mas ainda muito velhas, de jovens, provavelmente, primos, tios, os encontro agora em praias, fazendas, rios, fotos mais descontraídas. Roupas mais largadas, década de 70, calças largas, camisetas estampadas, cinturas altas, mullets. As câmeras já eram um pouco mais versáteis, de manuseio razoável. Vejo pequenos objetos, ditos monóculos, que traziam imagens bucólicas, famílias, e também de igrejas. O monóculo é uma caixinha com uma lente em uma de suas extremidades, e uma pequena foto em sua outra extremidade e, quando olhamos pela lente, temos a impressão de que a foto que está dentro é enorme.
Nas primeiras gerações de netos, as câmeras analógicas ainda dominavam completamente. Minha mãe sempre contratava um fotógrafo para tirar uma foto minha em cada mês de vida. Fotógrafos também eram contratados para aniversários e casamentos, lembro que carregam um flash enorme, com uma câmera também muito grande que dificultava o manuseio do equipamento. Havia poucos porta-retratos, as fotos geralmente eram mantidas em álbuns de famílias, eram mostradas às visitas.
Nessa nova geração, é uma nova tecnologia. As câmeras digitais atuam como catalisadores de imagens, facilitam, tornam as fotos coisas comuns, do dia-a-dia. Os álbuns de fotos agora são virtuais, qualquer pessoa pode imprimir uma foto, são inúmeros os porta-retratos. As fotos hoje se desmaterializam e ressurgem em diversos meios virtuais, em emails, sites de relacionamento, celulares, estão na rede. E hoje, todos fazem parte desse contexto, os meus avós, os meus pais, e eu.
Mais que fotografa ela tem a leveza de ser paisagem... ahhh, eu tenho uma amiga completa. Amei a história e viva a tecnologia que trás tudo que deixamos pra trás...
ResponderExcluirGostei da cronologia do texto. Ficou dinâmico e com situações que o leitor se identifica. adorei!
ResponderExcluirQue Bárbara arraza com as palavras, isso não é novidade! A postagem ficou linda amiga, você sempre sabe como nos entreter ;D
ResponderExcluir